Este trabalho acusa a presença de três traços da estética barroca no conto “Retábulo de santa Joana Carolina” (2002) de Osman Lins. Os aspectos desse estilo identificados na obra são, respectivamente, a forma aberta, apontada por Wölfflin (2000) como caracterizadora da produção visual barroca, as agudezas literárias seiscentistas e o labirinto barroco. A princípio, elencam-se algumas considerações críticas sobre o barroco no panorama nacional novecentista, refletindo-se sobre a perspectiva retórica de Hansen (2004), a abordagem psicologizante de Ávila (1971) e a compreensão do barroco como um fenômeno cultural de Sant’Anna (2000). Após essas reflexões sobre a estética seiscentista, ressalta-se o rebuscamento e a propensão visual do conto de Osman, características que, frequentes em sua obra, já viabilizaram a aproximação de outros textos seus com o barroco. Por fim, são analisados os procedimentos estilísticos empregues pelo autor para se aproximar das configurações artísticas do seiscentos, a saber: a forma aberta, trespasse dos limites da tela, encontra correlato na transgressão dos limites dos mistérios, seções autotélicas que compõem o conto; as agudezas e o labirinto barroco, por sua vez, estão presentes no princípio dessas mesmas passagens.