Este trabalho é uma tentativa de falar do político em Osman Lins, escritor que sempre se declarou contra o engajamento, considerando-o algo limitador, e que pelo contrário sempre se posicionou a favor da palavra, do estético, do ornamento. Tal ideia sempre esteve alegoricamente posta em seu texto: ”Minha vida inteira concentra-se em torno de um ato: buscar, sabendo ou não o quê. Assemelham-se um pouco às de um desmemoriado minhas relações com o mundo. Caço hoje um texto e estou convencido de que todo o segredo da minha passagem pelo mundo liga-se a isto. O texto que devo encontrar (onde está impresso ou se me cabe escrevê-lo, não sei) assemelha-se ao nome de uma cidade: seu alcance ultrapassa-o – como um nome de cidade -, significando, na sua concisão, um ser real e seu evoluir. E as vias que nele se cruzam, sendo ainda capaz de permanecer quando tal ser e seus caminhos estejam sepultados”, como escreve ele no fragmento 9 da linha narrativa R, do romance Avalovara. Assim, o político assume, em Lins, esse papel de acender no leitor a força poderosa da palavra, aquela que para ele é capaz de trazer de volta o perdido, o encoberto, o que já não mais existe. Por esse motivo sua escrita vem aqui considerada uma escrita absolutamente revolucionária.