Teses e dissertações

Sobre: Nove, novena

Filtrar por ano

Ordenar por

Este trabalho desenvolve algumas reflexões básicas sobre o esoterismo na Literatura Brasileira, partindo do estudo de dois autores: João Guimarães Rosa e Osman Lins; e de duas obras escolhidas: Sagarana e Nove, Novena. A análise observa os elementos esotéricos encontrados nos textos, através de referências diretas ou simuladas. A estratégia centra-se na possibilidade de aproximação do fazer literário de Osman Lins ao de Guimarães Rosa, no que se refere à manipulação da palavra e à técnica de construção da narrativa.

Entrar em contato com as rotas do imaginário é uma maneira de permitir leituras que ultrapassam a superfície do texto e chegam aos possíveis do ser. Nesse sentido, a dissertação O MEDIEVO EM NOVE, NOVENA : UM PERCURSO PARA O IMAGINÁRIO tem o objetivo de verificar, nas narrativas que compõem Nove, novena, indícios do imaginário medieval e como se estabelece a releitura desse universo imagético na produção osmaniana. Tal estudo se justifica por Osman Lins ter conseguido imprimir a essa obra um olhar aperspectívico e uma aura de ascetismo, o que se assemelha à cosmovisão do homem da Idade Média. A pesquisa tem bases teóricas nos estudos de Gilbert Durand, no que diz respeito à simbologia; em relação à cultura do Medievo, dentre os diversos autores consultados, destacam-se Georges Duby e Jacques Le Goff.

Esse trabalho trata de dois aspectos presentes ao longo da trajetória narrativa de Osman Lins: a leitura e a escrita. Esses aspectos são percebidos tanto no nível temático quanto no nível da construção de personagens em quatro obras desse escritor: O visitante (1955), Nove, novena (1966), Avalovara (1973) e A rainha dos cárceres da Grécia (1976). O objetivo é, assim, verificar como Lins aborda a leitura e a escrita em suas narrativas, sob a perspectiva de um adensamento desses temas do primeiro ao último romance. Para realizar esse estudo de cunho bibliográfico, optamos por dividi-lo em duas partes. Na primeira, composta por dois capítulos, abordamos a leitura, o leitor, a escrita e o escritor em textos teóricos, críticos e sobre a história da leitura e da escrita, bem como obras literárias que representam esses temas. Nesse sentido, nos apoiamos em estudos de Eco, Chartier e Dällenbach, dentre outros. Percebemos, nesses dois capítulos, que tanto o tema da leitura quanto o da escrita são caros à narrativa literária desde o advento da modernidade. Na segunda parte do trabalho, nos propomos a analisar efetivamente a leitura e a escrita nas obras citadas de Lins, dedicando, a cada uma delas, um capítulo. Nesses quatro capítulos, buscamos um diálogo com a crítica especializada sobre o autor, considerando também a produção ensaística de Lins. A partir dessa análise, observamos que o autor adensa a leitura e a escrita de O visitante até chegar a A rainha dos cárceres da Grécia, partindo de uma perspectiva íntima desses atos, passando pela perpetuação da escrita e pela vivificação proporcionada pela leitura (seja de textos artísticos ou não), pelo viés da escrita literária até chegar a uma espécie de fusão de todos esses elementos.

Esta tese visa expor e delimitar como o escritor pernambucano Osman Lins (1924-1978), sobretudo nas obras Nove, novena (1966) e Avalovara (1973), postula o pathos em termos de animalidade de onde é oriunda uma complexa disposição ecológica de sua literatura e, por outro lado, propõe, de maneira crítica, um inventário de técnicas do homem transfigurado, por sua vez, naquilo que se reúne sob o caráter de ordem e rigor como, por exemplo, a alquimia, a geometria, o olho de vidro e a temperança, entre outros. Avultamos que a relação entre cultura e natureza em sua obra seja ponto coincidente em uma importante parcela de sua fortuna crítica, embora reste não explorada de maneira exaustiva: para tanto, realizamos, seguindo os passos desta mesma fortuna crítica, uma arqueologia deste tópico em seus textos a partir da qual se tenciona que ele advém, principalmente, de uma crítica de Lins à adesão de Carl Jung (arquétipo) e dos nouveaux romanciers franceses (realismo subjetivo) à fenomenologia de Edmund Husserl, assim como da oposição entre caos e ordem, sensível e inteligível, corpo e espírito, passivo e ativo, negativo e positivo, física e metafísica no cânone ocidental (Platão, monoteísmo, Dante). Doravante inferimos determinada passagem crítica do escritor por esta tradição, que resumiríamos como a acusação de uma economia da natureza na civilização, assim como, a partir de então, propomos maior aderência de Lins à tradição poético-literária latino-americana (principalmente à obra de João Cabral de Melo Neto) e aos procedimentos dos povos indígenas exemplificados por cronistas, antropólogos e demais estudiosos, o que resulta, por sua vez, numa intensificação da experiência sensível e na reinvenção constante da relação dos homens com o ambiente circundante, ambas estabelecidas por meio do advento da sombra em sua literatura. Alocaremos tais procedimentos, finalmente, sob a proposição osmaniana de uma terra por vir.

Esta dissertação propõe analisar as duas obras de contos publicadas por Osman Lins – Os Gestos (1957) e Nove, Novena (1966) –, com objetivo de destacar o nítido processo de amadurecimento formal compreendido nesse período, além da consciente busca do escritor em superar limites: os seus, os da literatura e os da compreensão do mundo. Para tanto, divide-se este estudo em três partes: i) a concepção material da escrita para Osman Lins; ii) o silêncio, a angústia e a solidão em Os Gestos; e iii) o equilíbrio entre geometria e desordem em Nove, Novena. Sobre as obras, são apresentadas também informações sobre o contexto e a recepção referente a cada uma. Uma crítica direcionada ao primeiro livro de contos contrastou entre os recursos da pesquisa. A matéria de Eduardo Portella, publicada no Diário de Pernambuco, em 1958, manifesta seu apreço ao estilo conciso e eloquente de Os Gestos, destacando as nítidas qualidades de narrador de Lins, no entanto, por outro lado, denuncia na obra uma carência de pesquisa no sentido experimental, de novidade em sua estrutura. Visto que, com Nove, Novena, Osman Lins cruza um limiar de sua obra, assinalado pelas perceptíveis conquistas técnicas do livro, responsáveis pela difusão do seu caráter inovador, é inevitável o pensamento de que a crítica de Portella possa ter exercido alguma influência na postura de pesquisador ativo adotada por Lins a partir de Nove, Novena, o que não pôde ser comprovado de fato. Após investigar algumas marcas de contraste e continuidade de parte importante do projeto literário de Osman Lins, concluiu-se que há, sim, processos de ruptura entre as duas obras, porém nota-se também a propagação de temas caros ao escritor, que são potencializados pelos avanços empreendidos na nova obra.

Este site não hospeda os textos integrais dos registros bibliográficos aqui referenciados. No entanto, quando disponíveis online em outros websites da Internet, eles podem ser acessados por meio do link “Visualizar/Download”.

;
;