Teses e dissertações

Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Este trabalho desenvolve algumas reflexões básicas sobre o esoterismo na Literatura Brasileira, partindo do estudo de dois autores: João Guimarães Rosa e Osman Lins; e de duas obras escolhidas: Sagarana e Nove, Novena. A análise observa os elementos esotéricos encontrados nos textos, através de referências diretas ou simuladas. A estratégia centra-se na possibilidade de aproximação do fazer literário de Osman Lins ao de Guimarães Rosa, no que se refere à manipulação da palavra e à técnica de construção da narrativa.

Este trabalho é um estudo de caso do livro Avalovara de Osman Lins. Parto de uma questão que emerge do texto: a dolorosa separação do saber ocidental, ainda na Grécia, em dois campos, a máthema e a poiesis. Este livro toca na questão porque o autor-engenheiro Osman Lins não esconde do leitor o sistema que rege o romance. Um espiral e um quadrado são as formas geométricas que estruturam a história de Abel e seus três amores. Ao mesmo tempo, a poesia permanece em vigília na travessia. Ao colocar o esqueleto matemático para fora o autor nos remete a pergunta: Qual a possibilidade de máthema e poiesis se manifestarem juntas, tecendo como as irmãs Hermelinda e Hermenilda, o destino de nossa personagem? Partindo das experiências de Leibniz, apoiado em filósofos como Heidegger, Hegel e Agamben, e passando pelas obras de Manoel de Barros, Glauber Rocha e Jorge Luis Borges, tento encontrar uma direção. Não há, sem dúvida, garantia de êxito. Ao contrário de Abel, não existe uma cisterna onde eu possa vivenciar meu destino. Parto rumo ao nada.

A originalidade da concepção amorosa de Osman Lins em Avalovara (1973) é o tema desta investigação, que procura desvelar o percurso amoroso e o encontro carnal e anímico de duas personagens como a consumação de um projeto de Conhecimento, de Amor e de Literatura a que o livro se propõe. Através de suas conjunções e simetrias, o Amor conduz à realização global do Homem, que acaba por transcender as dualidades e aceder à Unidade consigo, com o outro e com a Vida. Nessa narrativa essencialmente mitopoética, o poema em prosa, forma da escrita, desdobra-se de maneira revolucionária na forma do romance: um quadrado e uma espiral sobrepõem-se para dar origem a um cosmos extático regido pelo signo sagrado de Eros, potência que religa os polos opostos do mundo, como formulado por Ludwig Klages em seu livro De l’Éros cosmogonique.

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