O presente artigo visa explorar, ou melhor, especular acerca da idéia/conceito de um
espetáculo barroco. Este caracterizar-se-ia, de um lado, por uma vida eminentemente
sensível, sensorial, i.e., imersa em imagens, como encontramos no que Eugênio D'ors
chamaria de uma cultura do barroco. Associa-se tal reflexão, anacronicamente, ao
momento presente – da Sociedade do Espetáculo, segundo Guy Debord – tendo em vista
que a imagem, aqui, está no centro, no entanto, como esfera de ação do poder
espetacular que se caracteriza, por sua vez, pela "seleção das imagens que compõe o
sensível". Por fim, recorreremos a dois contos de Osman Lins, quais sejam, "Conto
barroco ou unidade tripartida" e "Um ponto no círculo", presentes em Nove novena, para
investigar como este debate se insere de modo profícuo na literatura do escritor e como o
último articula tais noções.