Teses e dissertações

Sobre: Conto barroco ou unidade tripartita

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Considerada por muitos como um marco na configuração da estética pessoal de Osman Lins e, também, como um salto na carreira do escritor, a obra Nove, Novena, lançada em 1966, é composta por nove narrativas que rompem com a tradição literária, ao problematizar questões referentes às categorias da narrativa. Além do uso de símbolos como sinais indicativos representando uma junção ou uma distinção de narradores, há também a transposição da linguagem iconográfica para a literatura, exercida por Lins em sua referida obra, como técnica narrativa. Em se tratando de “Conto Barroco ou Unidade Tripartita”, narrativa sobre a qual o presente estudo se debruçará, essa transposição realiza-se em dois diferentes âmbitos, que serão os eixos investigativos desta dissertação. A saber: 1) o nível sintático/estrutural, que diz respeito à composição do texto literário e ao modo como a história é narrada e 2) o nível imagético/espacial, que versará sobre a expressiva condição imagética do texto e sua relação com as outras áreas do conhecimento.

Esta tese dedica-se ao estudo da presença de estruturas próprias à linguagem musical em quatro narrativas de Nove, novena (1966): “Um ponto no círculo”, “Pentágono de Hahn”, “Conto barroco ou unidade tripartita” e “Pastoral”. A escolha destas narrativas se deu por trazerem, na literalidade do texto, uma permeabilidade entre literatura e música. Concentra-se em perceber os recursos estéticos de natureza musical, seja a partir da instauração de uma sensação sonora, seja por elementos estruturais compartilhados ou transpostos entre as linguagens musical e literária, forjados na elaboração de uma nova escrita narrativa. Osman Lins propõe uma concepção de literatura que seja tal qual uma cosmogonia, em que é na ordenação do caos pela palavra que se cria a oportunidade de diálogo com o leitor e, a partir disso, a possibilidade de um novo olhar sobre o mundo e seus modelos sociais. Para tanto, o escritor utiliza de procedimentos técnicos e estéticos da criação artística no campo da interseção entreartes, de modo a estabelecer esse debate. Uma das variantes musicais que contribuem para o nosso trabalho é o conceito de “paisagem sonora”, cunhado pelo compositor, musicólogo e crítico canadense Murray Schafer (2001), que afirma ser possível isolar um campo do conhecimento e estudá-lo como campo acústico. Mikhail Bakhtin (1981), Umberto Eco (2010), Friedrich Nietzsche (2007), Mário de Andrade (2003), Ítalo Calvino (1990), Mircea Eliade (2011) e Gaston Bachelard (1978) impulsionam a pesquisa, estabelecendo-se como fundamentação teórica.

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