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Sobre: Conto barroco ou unidade tripartita

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O objetivo deste trabalho é analisar o “Conto barroco ou unidade tripartita”, de Osman Lins, da coletânea de narrativas Nove novena, no que concerne o seu caráter paródico. Destacaremos a maneira particular como o autor desloca o foco central da história em três partes, as personagens principais, que nos lembram as representações máximas do cristianismo, e, também, como o autor utiliza episódios bíblicos, e dá-lhes a sua interpretação, recontextualizando-os.

O presente artigo visa explorar, ou melhor, especular acerca da idéia/conceito de um espetáculo barroco. Este caracterizar-se-ia, de um lado, por uma vida eminentemente sensível, sensorial, i.e., imersa em imagens, como encontramos no que Eugênio D'ors chamaria de uma cultura do barroco. Associa-se tal reflexão, anacronicamente, ao momento presente – da Sociedade do Espetáculo, segundo Guy Debord – tendo em vista que a imagem, aqui, está no centro, no entanto, como esfera de ação do poder espetacular que se caracteriza, por sua vez, pela "seleção das imagens que compõe o sensível". Por fim, recorreremos a dois contos de Osman Lins, quais sejam, "Conto barroco ou unidade tripartida" e "Um ponto no círculo", presentes em Nove novena, para investigar como este debate se insere de modo profícuo na literatura do escritor e como o último articula tais noções.

Para Gilles Deleuze, as dobras são levadas “ao infinito” no barroco, fazendo com que ele não se configure como essência, mas como “um traço”. Sendo o barroco a condição “sob a qual a verdade de uma variação aparece ao sujeito”, faz-se pertinente um movimento anacrônico subjacente a uma produção literária moderna, próximo ao que Sarduy chamava de neo-barroco. Analisar-se-á, neste trabalho, os textos “O ponto no círculo” e “Conto barroco ou unidade tripartida”, de Osman Lins, presentes em Nove novena, que fazem uso das citadas características barrocas, todavia, solapando os vínculos metafísicos presentes na literatura produzida no âmbito da Igreja.

O presente estudo tem por objetivo fomentar as discussões concernentes às relações interartísticas entre literatura e escultura a partir de “Conto Barroco ou Unidade Tripartita”, sexta narrativa de Nove, Novena, de Osman Lins. O grande intento destas palavras que aqui seguem é o embasamento da hipótese de correspondência entre o conto de Lins e a escultura homônima Unidade Tripartita, de Max Bill, escultor, arquiteto e teórico do design suíço do século XX. Além de pensar a relação interarte, sob a ótica de Etienne Souriau e de Gotthold Ephraim Lessing, este texto explorará outros elementos inerentes à narrativa, que dialogam com a discussão da relação entre literatura e outras artes.

O presente trabalho debruça-se sobre “Conto barroco ou unidade tripartita”, de Osman Lins, sob a perspectiva das teorias da recepção. Acionando teóricos que descrevem o processo da leitura, buscamos explorar quais atividades o texto osmaniano demanda do leitor, uma vez que se trata de construção minuciosa, cheia de indeterminações e de elementos insólitos que afetam o processo de construção do sentido. Defendemos, então, que o conto tematiza o leitor enquanto ser ético e o faz ao programar um leitor-modelo que precisa mobilizar seus valores e fazer escolhas conscientes na própria experiência estética.

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