Ao viver em uma época em que começam a se tornar comuns as publicações de
séries industriais, Osman Lins, em duas de suas crônicas inéditas trazidas à tona no
presente estudo, chama a atenção sobre a transposição de uma ficção escrita para uma
ficção imagética. Versando sobre o desenho do ilustrador e o texto feito de
palavras, "Romance e desenho" (Jornal do Commercio, 23/ago/1959) e "Reflexão sobre
um livro de contos" (Jornal do Commercio, 11/out/1959), estes refletem respectivamente
uma preocupação por si mesma incomum, pois, ao enfocar uma etapa técnica que
rapidamente passou, e que se fixava nas capas de ilustradores significativos para a história
das edições de romances (aqui, em particular sobre a edição de Moby Dick de Melville e
as suas séries), além da rara qualidade artística de suas capas e de suas ilustrações,
Osman Lins abria, com isso, uma brecha na crítica que, até então, se dirigia,
exclusivamente, ou para a literatura ou para a imagem. Mas nunca como uma poderia
diminuir ou acrescentar à outra. O mesmo seria verdade quando se pensa na passagem da
imagem romanesca transposta para a cinemática.