Esta tese é um estudo sobre o ensaio de Osman Lins, Guerra sem testemunhas: o escritor, sua condição e a realidade social. Por se tratar de um livro que teve duas edições diferentes, foi feito o cotejamento entre elas e detectada as alterações para a segunda publicação. Das buscas documentais de Guerra sem testemunhas foi possível acessar suas fontes primárias, o que revelou a existência de Diários, que registram a elaboração da obra. Na abertura desta, está posto um desafio ao leitor; lê-lo a partir das epígrafes que aparecem no início. As duas primeiras pertencem ao poeta Deolindo Tavares e as duas outras, ao filósofo Jean-Paul Sartre. Os versos do poeta pernambucano têm como personagem Willy Mompou, que Osman Lins fez migrar para o corpo do ensaio, transformando-o em seu parceiro ao simular uma narrativa que percorre o texto. As do pensador francês espraiam-se pela escrita, em que o diálogo mantido por Osman Lins acontece a partir da fonte dessas duas menções, de Que é a literatura?. Neste, as questões acerca do escritor e da literatura servem de ponto e contraponto para Lins apresentar a sua própria visão sobre os temas em questão na obra. Em realidade, esses dois autores, Deolindo Tavares e Jean-Paul Sartre, por essas contribuições, foram analisados como os dois polos a sustentar o ensaio, o poético e o conceitual. Por essas peculiaridades estilísticas, o escritor pernambucano ocupa o espaço potencializado pelo próprio gênero. Dentro de uma perspectiva relacional, em que se inserem essas reflexões, um estudo mais detalhado sobre Deolindo Tavares justifica-se por se tratar de um poeta desconhecido, o que não acontece com Sartre, intelectual francês de grande projeção internacional e com reconhecida presença no Brasil dos anos 1960 e 1970. Também foi dada relevância para as meditações e as práticas de inspiração cartesiana, que Osman Lins deixa transparecer em seu trabalho.