Ao escrever Avalovara, Osman Lins manifestou que diversas leituras foram convocadas para sua construção. Dessa forma, a obra estabelece um diálogo com diversos textos, sendo que alguns estão preservados no Fundo Osman Lins do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo e da Fundação Casa de Rui Barbosa. Assim, ao investigar o arquivo do escritor e trabalhar com a ideia de que o ato de escrever é antecedido por uma leitura e uma pesquisa, esta tese apresenta como alguns livros da biblioteca do escritor fazem parte do processo criador do romance. O estudo configura-se como uma análise e interpretação crítica deste material, apoiando-se na correlação de leituras, notas marginais e documentos do processo criador, observando ainda alguns aspectos de assimilação, transfiguração e seus desdobramentos em Avalovara. Com isso, sobrepostos aos textos impressos, as anotações, grifos ou apontamentos das leituras de Osman Lins se convertem em manuscrito, reforçando a importância da abordagem dos documentos do processo e a presença de um diálogo intertextual que interessa tanto à Literatura Comparada como à Crítica Genética. O trabalho apresenta ainda uma edição das anotações autógrafas: transcritas, classificadas e organizadas. Conteúdo que fornece um percurso de parte da formação do leitor/escritor, seus interesses estéticos e literários e como esta marginália oferece novas perspectivas de estudo para o conjunto de sua obra.