Este ensaio pretende desenvolver alguns pontos importantes em convergência nas contísticas de José Maria Moreira Campos (1914-1994), cearense, e Osman Lins (1924-1978), pernambucano, na fase inicial dos dois escritores: o primeiro, de 1949 a 1957, com Vidas marginais e Portas fechadas, respectivamente, e o segundo, com Os gestos, de 1957. As convergências em destaque estão constatadas por documentos dos Álbuns – “O que dizem dele”, no Arquivo Pessoal de Moreira Campos, depositados no Acervo do Escritor Cearense (UFC). A admiração do escritor mais velho, Moreira Campos, pelas soluções formais, pelos arranjos na composição da narrativa curta, pelo tecido da trama, da parte de Osman Lins, dez anos mais jovem, atesta o vigoroso processo de relação examinado por T. S. Eliot (1989), como embate entre cânone ou tradição e o talento individual, como resultado das tensas e conflituosas descobertas e revelações travadas no sistema literário – Antonio Candido (s/d), Roland Barthes (1986), entre outros escritores. As convergências e as diferenças entre os escritores brasileiros em foco, com divulgação em outras línguas, os tornam valiosos intérpretes das décadas de 1940 e 1950, para um momento histórico de muitos perfis, como o assinala Hannah Arendt (2008), ainda sob consideração dos poetas pensadores, para uma possível compreensão dos desdobramentos que se seguiram ao longo do século XX.