Texto/Obra

Augusto Abelaira e Osman Lins: leitura, intertextualidade, metaficção e romance-diário

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Tese ou dissertação

Ao longo do século XX e, particularmente, em sua segunda metade, os romancistas retomaram e acentuaram as reflexões sobre a construção romanesca. O olhar para a escrita do texto literário resultou em uma interação mais direta com o leitor e exigiu sua coparticipação na construção dos sentidos do texto, uma vez que o caráter metaficcional, somado a outras estratégias narrativas, em vez de facilitar a leitura a problematizou. O olhar narcisista do romance acentuou, também, a reflexão sobre vários aspectos, entre eles: a intertextualidade e a assimilação de outros gêneros discursivos. Assim, este trabalho visou estudar tais aspectos em dois romances de autores que pertenceram à mesma época, mas em países diferentes, e que utilizaram, praticamente, os mesmos recursos estéticos: Bolor (1999), do escritor português Augusto Abelaira, publicado em 1968, e A rainha dos cárceres da Grécia (1976), do escritor brasileiro Osman Lins, publicado em 1976. Assim, este estudo se justifica porque os dois romances mantêm, em suas composições, estratégias narrativas muito semelhantes: intertextualidade explícita com obras da literatura universal de diversas épocas, metaficcionalidade e uso da forma romance-diário. Outros aspectos se correlacionam com esses, como fusão entre tempo e espaço, temáticas assimiladas das obras citadas, pluralidade de vozes, entre outros. O objetivo deste trabalho baseou-se no pressuposto de que o estudo desses aspectos, partindo das relações intertextuais dos romances de Abelaira e Lins com as obras neles citadas, constitui-se em uma chave de leitura para a construção de sentidos em cada um dos dois romances. Para realizar o estudo comparativo, foram utilizadas teorias que fundamentam os aspectos de composição dos dois romances. Em relação à intertextualidade, utilizou-se a teoria de Mikhail Bakhtin (1981), Julia Kristeva (1974), Laurent Jenny (1979) e Gerard Genette (2006). A discussão sobre a noção de metaficção apoiou-se, principalmente, em textos críticos sobre os dois romances. Para o estudo da questão do romance-diário, foram utilizadas as teorias de Valérie Raoul (1999), Béatrice Didier (1976), Sheila Dias Maciel (2012), Maria Luiza Ritzel Remédios (1997) e outras. Para o estudo desses aspectos, partindo da intertextualidade, foram lidas obras citadas nos dois romances. Entre os textos citados em Bolor, foram analisadas todas as obras literárias, menos o livro Dias íntimos por estar esgotado nas livrarias. Entre os textos citados em A rainha dos cárceres da Grécia, foram analisadas sete obras que se relacionam a alguma das estratégias narrativas estudadas neste trabalho. Concluiu-se que as estratégias narrativas que estruturam os dois romances principais requerem um leitor participativo que leia atentamente os fragmentos dos diários e construa os seus sentidos, sendo que alguns destes somente são percebidos nas relações dos romances principais com as obras que eles citam.

Autores e textos abordados

Autores ou personalidades estudados ou citados neste texto/obra
Textos/obras estudados ou citados

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