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Este artigo tem como objetivo demonstrar elementos de carnavalização na peça Lisbela e o Prisioneiro (2003), de Osman Lins. Por meio de um tom cômico, o autor brinca com as convenções sociais estabelecidas, renovando-as no enredo, evidenciando assim, um “mundo às avessas”, mais tolerante, enraizado nas expressões populares. Diante dessas características, na busca por ampliar as interpretações da obra, o texto foi lido à luz do conceito da carnavalização na literatura (BAKHTIN, 1999). A partir disso, foi possível perceber que Lins se apropria da atmosfera democrática da festa popular e cria um ambiente, no qual os mais fracos têm voz e poder de decisão para renovar os valores e verdades oficiais. Nesse universo ficcional carnavalizado construído pelo autor, a dura, chata e séria realidade cheia de regras impostas pelos tipos ficcionais mais fortes foram neutralizadas, ou melhor, o medo de punição foi abolido e, com isso, todo desejo de liberdade dos personagens oprimidos pode se concretizar nessa segunda vida mais risonha e libertária, proporcionada pelos elementos de carnavalização presentes no texto. Dessa forma, o resultado aqui divulgado aprofunda a fortuna crítica do autor e contribui com o campo dos estudos literários.
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