Nesta pesquisa, verifica-se como está representada a velhice feminina, observando-se personagens femininas em suas trajetórias para e na velhice, em narrativas da literatura brasileira contemporânea, percebendo-se como se delineiam os espaços possíveis ocupados por elas e, nestes, os conflitos geracionais, a exploração e o abandono, a morte, o desejo sexual, a degradação de seus corpos e o silenciamento ou o aparecimento de suas vozes, pois, na medida em que se avança na idade, diminui-se a velocidade dos passos e vai-se perdendo o poder de voz. Apresentadas em etapas diferentes de vida, em condições físicas e sociais diversas, elas protagonizam narrativas cujo enfoque é a mulher frente às perdas, que acompanham o envelhecimento, e à solidão. Resta-lhes a memória. Neste contexto, analisamse e elementos espaciais e temporais e seus significados, bem como objetos presentes, que são também narradores, para compreender as relações dessas mulheres com o outro, que as olha, ou narra; e consigo, no intuito de entender, enfim, o que essas mulheres têm a mostrar/esconder e o que elas têm a dizer e como o fazem (se falam ou quando falam por elas). Nesta perspectiva, a análise das estratégias discursivas nos processos de narração evidenciam as construções estéticas para a produção de sentidos. Deste modo, faz-se uma leitura da localização da mulher velha em nossa sociedade, estabelecendo-se relações entre sua visibilidade, seu espaço físico e enunciativo, na intimidade e na vida social, em que o corpo degradado é alvo de preconceito, no âmbito literário no qual este é centro das discussões através de suas representações.