Privilegia-se nesta dissertação a leitura e interpretação de Avalovara, romance de Osman Lins, sob a ótica de um tema universal da literatura o amor humano, seguindo-se as pistas deixadas pelo autor em entrevistas e analisando-se, de modo especial, sua configuração poética na narrativa. Tendo em vista o intenso conteúdo sexual do romance, estuda-se as várias dimensões do amor carnal, desde o uso político do corpo até seu aspecto mítico e cosmogônico. Para tanto, primeiro conceitua-se literatura erótica para depois contextualizar-se Avalovara na tradição ocidental no século XX. Em seguida, são apontadas suas fontes, que remontam à Bíblia e à tradição hindu do tantra. Unindo-as, Lins cria um amor concreto e carnal, capaz de levar os amantes a reencontrar a unidade original. Além disso, ao incorporar a geometria simbólica do tantra na estrutura do romance, Lins confere à literatura um poder mágico até então encontrado apenas em textos religiosos e místicos. De modo que esta dissertação, fundamentada também em teorias da narrativa e do romance e numa abordagem comparatista, tem sobretudo uma perspectiva crítica: mostrar a especificidade de Avalovara, dentro da tradição da literatura erótica e o seu papel no contexto da literatura brasileira, nos anos da ditadura militar.