A pesquisa consiste em um estudo comparativo das obras O beijo não vem da boca (1985), de Ignácio de Loyola Brandão, e A rainha dos cárceres da Grécia (1977), de Osman Lins, estabelecendo-se a partir de seu cotejo uma relação entre ausência e criação literária. Examinam-se os procedimentos narrativos no intuito de identificar a operação de uma espécie de “poética da ausência” em ambas as obras, cujos narradores-protagonistas, em suas trajetórias, tentam processar a perda de uma mulher amada. A pesquisa interessa-se especialmente pela figura desses narradores por serem eles, dentro da obra, escritores – ou seja, produtores de uma segunda narrativa no interior das narrativas em que se inserem –, dispondo dessa forma da palavra poética no esforço de superar a ausência das amigas perdidas. Os dois romances enriquecem-se mutuamente, conjugados em sua relação de dupla-escrita, e cada um deles é considerado enquanto uma estrutura que se organiza justamente a partir das ausências que enfrentam. O aporte teórico da pesquisa se faz com apontamentos de Giorgio Agamben, Roland Barthes, Maurice Blanchot, Jacques Derrida, dentre outros, bem como com o auxílio de estudos em geral sobre narratologia, aliando-os ainda a variados textos literários, na tentativa de se refletir acerca da linguagem poética e da forma do romance em suas múltiplas manifestações.