Estudo comparativo entre Avalovara (1973), de Osman Lins e as obras de Lewis Carroll, Aventuras de Alice no país das maravilhas (1865) e Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá (1871), com ênfase nos aspectos intertextuais não necessariamente explícitos, mas repletos da carga simbólica que tipifica as obras. O aporte teórico acerca da Literatura Comparada e Intertextualidade se alicerça em textos de Tania Carvalhal, Antoine Compagnon, Tiphaine Samoyault, Michel Schneider, Sandra Nitrini e Mikhail Bakhtin. Soma-se a ele vasta leitura na fortuna crítica de Osman Lins e Lewis Carroll, principalmente em textos que tratam das três obras que integram o corpus da tese. Utiliza-se o Paradigma Indiciário, formulado por Carlo Ginzburg no que concerne ao modo como são observados dados a serem avaliados. São analisados símbolos coincidentes que aparecem nas obras dos dois autores, tais como o unicórnio, o grifo, o sonho, além de contraposição das personagens
e Alice. Aprofunda-se estudo acerca da imagem do espelhamento – nas acepções de inversão, reflexo e mise-en-abyme, este último a partir da obra The Mirror in the Text, de Lucien Dällenbach e também a imagem do atravessamento, que na obra aliceana é representado na figura do espelho através do qual a menina cruza alcançando espaço diverso e, no romance osmaniano, se manifesta pelo uso de limiares reais ou fantásticos como a porta, o tapete, e metáforas acerca do ato de atravessar, incluindo-se aí a ideia de intertextualidade como representação também do cruzamento de um texto pelo outro em ilustração metafórica do exercício intertextual. Breve análise espacial das obras com vistas a sondar o uso do insólito como mecanismo de manifestação da categoria do fantástico, através de contribuições das obras de Umberto Eco, Tzevtan Todorov, Mircea Eliade e outros.