O trabalho discute a leitura. Mais especificamente, a leitura do texto literário, a partir do último romance de Osman Lins, publicado em 1976: A rainha dos cárceres da Grécia. O suporte teórico utilizado foi A leitura (2002), de Vicent Jouve. A discussão apresentada nesse livro sobre as formas de construção de significados do texto literário ajudou a explorar, no artigo, como algumas correntes da teoria literária, sobretudo as surgidas a partir dos anos de 1950 e 1960 (o Estruturalismo e a Estética da Recepção) foram adaptadas ao contexto ditatorial brasileiro na obra de Lins. Ao percorrer o caminho da interpretação do romance homônimo deixado por Julia Marquezim Enone (amiga e amante do narrador) verificou-se que, mesclando uma irônica crítica aos críticos da época a momentos de lirismo, o empenho do autor pernambucano estava não apenas em fazer denúncia social de maneira velada, mas também fazer uma espécie de profissão de fé do romancista no mundo contemporâneo.