Teses e dissertações

Universidade Estadual da Paraíba

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Nesta pesquisa, estudamos o mundo no romance Avalovara (1973), do escritor pernambucano Osman Lins. Para tanto, substituímos o conceito de espaço dos estudos topoanalíticos, limitado à visão cartesiana, pelo conceito de mundanidade desenvolvido por Heidegger, o qual indica a ideia de uma totalidade conjuntural estruturada por modos de encontros e usos, vividos cotidianamente pelo ser-no-mundo. Sendo a narrativa literária feita de palavras que não representam ou reproduzem a realidade, adotamos o conceito de heterotopia de Foucault, indicador dos ―espaços‖ que, ao mesmo tempo, representam, contradizem e invertem a realidade, para o estudo dos lugares na narrativa, compostos por matizes de realidade e de simbologia. Sendo a ―palavra‖ a matéria trabalhada pelo escritor para estruturar um mundo, fundamentamos sua análise na ideia de similitude, também de Foucault, o qual defende que cada ―coisa‖ artística é a coisa representada acrescida por pequenas diferenças, o que impossibilita a referencialidade a uma origem. Com base nisto, chegamos a um mundo romanesco que representa, contradiz e inverte, por meio de acréscimos de pequenas diferenças, os espaços da realidade. Este mundo tem como base os modos de encontros e usos vividos pelo escritor que, por meio da interpretação, estrutura narrativamente um mundo no qual coisas e seres se mantêm ligados por linhas e nós de força e repulsão. O texto, construído com base no quadrado e na espiral, entra em conversa com o leitor, cuja interpretação acaba acrescendo pequenas diferenças no mundo romanesco. Assim, o mundo em Avalovara é uma construção permanente pela interação de quatro dimensões: 1) a dos modos de encontros e usos vividos pelo escritor; 2) a da compreensão/interpretação do escritor, que atua sobre a primeira; 3) a da mundanidade da narrativa textual, que desvela e vela a circunvisão do escritor; 4) a da compreensão/interpretação do leitor, que atua com base e sobre as anteriores. Desse modo, dividimos a pesquisa em três capítulos: o primeiro busca entender a visão hermenêutica de Osman Lins, seu conceito de palavra, de texto; o segundo desenvolve os conceitos de mundanidade, de heterotopia e de similitude; o terceiro analisa o mundo em Avalovara dividido em três regiões, compostas por incontáveis lugares e ambientes. Esta quadridimensionalidade hermenêutica conduz à ideia de que o mundo romanesco, insubordinado, é produto de todas as dimensões, simultaneamente.

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Tipo

Dissertação de Mestrado

Ano

2019

Esta pesquisa propõe analisar a obra literária do escritor pernambucano Osman Lins à luz do conceito de ‘Narrativa transvivencial’. Este seria um conceito fluído e orgânico estabelecido a partir da crítica dos conceitos relacionados à escrita de si, especificamente Autobiografia de Lejeune, Autoficção de Doubrovsky e Narrativa vivencial de Arfuch. Buscando contornar as ideias de pacto e a identidade, esta pesquisa estabelece como fundamentos da Narrativa transvivencial, as ideias de “acontecimento” e “experiência” definidas pelo filósofo francês Claude Romano e a ideia de “agenciamento” conforme Deleuze e Guattari. Com base nisto, a pesquisa está organizada em quatro capítulos: o primeiro capítulo analisa a definição de Autobiografia de Lejeuene, algumas ideias e nomenclaturas ligadas à Autoficção e a ideia de Narrativa vivencial de Leonor Arfuch, segue definindo os fundamentos da Narrativa Transvivencial com base nos conceitos de “experiência” e de “acontecimento” de Claude Romano e de “agenciamento” de Deleuze e Guattari, estabelecendo assim o conceito da temporalidade que opera na Narrativa transvivencial, chamada de temporalidade retroprojetiva; o segundo capítulo analisa os diários de viagem escritos por Lins, Marinheiro de primeira viagem e Las Paz existe?, passando ao estudo do romance Avalovara, como obra que sintetiza toda a aventura do escritor, no qual destaca as três experiências que operam predominantemente em todas as suas obras; o terceiro e o quarto capítulos se debruçam na análise das obras ficcionais de Osman Lins, sendo que o terceiro capítulo destaca as vivências relacionadas ao nascimento do escritor, à infância na pequena cidade de Vitória de Santo Antão e à partida para o Recife e o quarto capítulo destaca as experiências vividas em Recife, a primeira viagem à Europa, os dissabores da vida burocrática, os encontros transfigurados, aspectos relacionados à opressão, finalizando com a análise do texto como “acontecimento” inaugurador de sentidos que transforma o escritor em uma personagem de sua obra: o ‘autor’.

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