O artigo procura analisar O pássaro transparente, de Osman Lins, conto de abertura do livro Nove, novena (1975) – considerado um marco na obra do autor, por ter dado início a uma fase de intensa experimentação formal. Desde a organização da narrativa – que conta com dois narradores e um enredo tido pela crítica como centrífugo (RIBEIRO, 2016) – às estratégias de ambientação espacial, é possível perceber o caráter metaficcional (WAUGH, 1984) que permeia a obra e aparece intimamente ligado à construção do espaço e das personagens do conto. Tais estratégias são postas de maneira a exigir do leitor operações de ordenamento, transformando-o em um leitor organizador.