Teses e dissertações

Universidade Estadual de Campinas

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Esta tese é uma incursão pelo romance Avalovara, de Osman Lins. Obra que se narra a si mesma, que exibe sua estrutura e dialoga com seu tempo, A valovara não permite uma leitura única, redutora. Exige, bem ao contrário, uma perspectiva múltipla, baseada em diferentes campos da arte e do conhecimento humano. É este olhar que esta tese procura oferecer - o olhar de um viajante que busca reconstituir a viagem de um outro. O percurso está dividido em três partes, que se inter-relacionam e se completam mutuamente - um pouco como as três protagonistas do romance A primeira parte do trajeto busca dar conta da distribuição espacial do romance: desde a sua estrutura mesma, que já nasce vinculada à estética medieval, até a relação do protagonista com as cidades que percorre - na Europa - e com aquelas que traz dentro de si - do Nordeste brasileiro. A segunda parte discute a questão do tempo em Avalovara. O tempo em suas muitas implicações, seja na organização da matéria narrativa, seja constitutivo. Já a terceira e última parte fala da criação e de seus enfrentamentos. Primeiro, entre o criador e a opressão, que o nega, contamina e, muitas vezes, o destrói. Depois, entre o criador e o objeto de sua criação - no caso, a palavra.

Este estudo se propõe a analisar a relação entre leitura e coautoria em A Rainha dos Cárceres da Grécia, de Osman Lins (1976), bem como seus desdobramentos. A fim de traçar o papel do leitor sugerido por essa obra do escritor pernambucano, serão abordadas as seguintes questões, as quais remetem a facetas da leitura literária: o processo de significação; a relação entre leitura, experiência e identidade; a escrita da leitura e o jogo de autoria; e, por fim, as repercussões da crise da Literatura moderna no ato de ler. A proximidade entre leitura e criação - que ganha evidência nos textos modernistas do século XX e é um dos temas centrais de A Rainha dos Cárceres da Grécia - têm algumas repercussões: quem lê assume um lugar de destaque e, assim como o escritor, deve mergulhar universo ficcional e estabelecer pontes entre a ficção e o dito mundo real. A aproximação entre leitura e autoria, portanto, não envolve somente elementos estéticos, mas acarreta também um novo leque de responsabilidades ao leitor, a quem cabe estabelecer uma relação entre o livro, sua experiência e a realidade empírica, alterando sua percepção sobre o mundo e sobre si a partir da consciência trazida pelos livros lidos. Nesse sentido, um dos propósitos dessa pesquisa é mostrar como a metalinguagem não se restringe a aspectos estilísticos e formais, pois põe em jogo o vínculo entre o universo ficcional e a dita realidade. O diário-ensaio-romance de Osman sugere, porém, que essa ponte não deve necessariamente vir explicitada pelo autor, sendo uma das atribuições do leitor construí-la.

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